terça-feira, 29 de setembro de 2009

Água no coração

Naquele momento ela desejou ser mar, ser a água ao sabor do vento que deriva calmamente até outros lugares. Porque a água não deixa ninguém e ninguém deixa a água. No fundo, era isso que ela queria. Eliminar a palavra abandono do coração para que ele ficasse menos pesado, porque todos os dias contam e todas as pessoas pesam. Ela desejou tudo isto em menos de um segundo, enquanto perscrutava a água pela janela da gelataria e a mão lhe cobria um dos lados da face que chorava. Apertou as mãos com força tentando forçar-se a parar de chorar e só aí se voltou para olhar para ele, que a fitava. Esqueceu a água, esqueceu as perdas, assim que cruzou o olhar com o dele.


"Nunca, nunca, nunca, nunca, nunca..."

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