sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Air



Às vezes parece que consigo entender melhor as tuas paredes de gelo.
Mas, como te disse, as minhas são feitas de ar. Porque eu sou ar.
Deixo passar toda a gente, dou uma oportunidade a toda a gente. Sofro, é certo. Mas tu sofres mais que eu. De que serve aprisionares-te nessas paredes frias? Vem ter comigo. Prometo que aqui é Inverno e que podes beber café. Não te deixo ter frio. Estou a ser ingénua, eu sei. Mas, também, estou-me a sentir um pouco criança. Menininha, como tu disseste. Preciso que tomem conta de mim. Porque às vezes não sei lidar com a brisa nem com as tempestades. Como é que tu aguentas o gelo e a neve? Diz-me...não é pior estar só? A solidão dói-me. O não sentir nada dói-me. Não quero ser vazia. Queria fazer-te mudar de ideias e compreender que sentir a chuva, o sol, o vento e mesmo os sentimentos não é mau. Já não estou a fazer sentido. Tenho sono. E tu não estás a falar comigo. Apeguei-me. Sou assim. Feita de vento e de ar, mas muito sólida. Hoje não disse, mas acredito na magia. Disse que continuo à procura, mas não é bem verdade. Porque acredito na magia que une as pessoas. Acredito no que está aqui *aponta para o coração* e não no que está lá em cima *aponta para o céu*. E acredito em ti. Não me vou embora.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

stay


Nunca aprendi a partir.
Apesar de todos partirem, sempre fiquei.
Isso ninguém me ensinou
Aprendi sozinha a
Respirar e ficar,
Pintar os sonhos,
Agarrá-los
mas Desenhar sorrisos
E disfarçar o cansaço
Isso ensinaste-me tu
Tu, que há muito tempo semicerraste os olhos por causa do sol e já quase não vives
Amas, mas não vês
Não vês, não amas
Não quero semicerrar os olhos!
Mas também não quero a realidade…
Já não sei, Silêncio.
06.03

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Nua


Durante tudo o que disseste, apeteceu-me gritar contigo. Pensava "Porque me estás a contar isso?", enquanto batia o pé impacientemente. Cheguei a perguntar algumas vezes, até que vi os teus olhos marejados de lágrimas e finalmente percebi. Era importante para ti. Então, paraste de falar, disseste que já me podia ir embora e viraste-me as costas. Fiquei tão espantada que descruzei os braços sem dar por isso. Fiquei a ver-te, enquanto descias os degraus de uma escada sem fim, com as mãos suadas suspensas no ar. Paraste e ficaste a contemplar a vista, embora eu soubesse que nem davas por ela. Já não sentia frio, só sentia o teu coração. Como é que eu podia, simplesmente, ir embora? Tomei a decisão de não te deixar e caminhei decidida até ti. Só quando pus os braços à tua volta é que me apercebi do quanto sinto a tua falta. As lágrimas desciam pela tua cara abaixo sem esforço e lembrei-me da última vez em que te tinha visto chorar. Não foram muitas as vezes em que choraste à minha frente, sempre te cobriste com uma armadura. Mas ali estavas tu, nua para o mundo. Com a fragilidade à flor da pele, presa no meu abraço. Sei que sempre foi ao contrário, sempre foste tu que me protegeste. Pergunto-me se será assim tão difícil deixares-me proteger-te de vez em quando. Fiz-te pequenas perguntas ao ouvido, ias respondendo com a voz rouca. Quis dizer trinta por uma linha, gritar contigo até, abraçar-te com mais força ainda...Mas contive-me. Apenas precisavas que te escutasse. Parecia que o meu coração se contorcia e distorcia enquanto escutava o teu. Acabámos por caminhar juntas até à sala, onde pessoas diferentes nos esperavam. Custa-me sempre tanto separar-me de ti.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

2x1

Sometimes, I think there's a war going out between the left side and right side of my brain
and peace just seems so far away.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Linhas e vôos


Desenho linhas ao acaso na minha imaginação
Padrões inexplicáveis
Prendem-me, endoidecem-me
Destruo-os
Não me fazem falta
Não preciso de amarras a prender-me à vida
Ela é livre e não encarceradora
Se quiser, viro a folha
Não tenho obrigações para além dela
Ela é minha e de mais ninguém
Não vale a pena, eu tenho asas e tu não
Eu voo a cada nano-segundo
E cada nano-segundo meu,
É um dia teu.