segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Nascer do sol


Não me apetece ir dormir. Nunca fui daquelas pessoas que consideram que dormir é um desperdício de tempo, apenas porque adoro dormir. Mas, ao mesmo tempo, a noite atrai-me e fico muitas vezes acordada até tarde, ainda que sozinha. Tenho saudades de ficar a ver o sol nascer, ainda não o fiz este verão. De ouvir o barulho dos pássaros logo de manhãzinha, as folhas das árvores dançando ao passar do vento. Ver como a casa se ilumina e muda de cor enquanto os raios de sol vão penetrando mais e mais por debaixo da porta. E é nessa altura que cedo finalmente ao sono, caminhando de pés descalços pela casa para não acordar ninguém. E então é como se um fantasma tivesse passado a noite acordado, vagueando pela casa, ouvindo música, lendo, vivendo num mundo de palavras, arte e descobertas. Não eu, mas um fantasma. Que não deixa qualquer vestígio para além do pacote de leite com chocolate vazio em cima da mesa e um súbito aumentar da alma.

E é esse fantasma que ninguém conhece que vive por mim à noite.

Ah sim, tenho saudades dos meus hábitos noctívagos. De sonhar de braços abertos e fechar as mãos em concha à volta de uma estrela. Mas, mais ainda, tenho saudades da chuva :)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

@

Já não me lembrava de que era tão bom chorar de alegria :)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Raízes



A espuma do mar vai-me rodeando as pernas enquanto as ondas vão e vêm. Os pés vão-se enterrando sob a areia molhada e eu jogo as mãos em concha à água como uma criança numa tentativa falhada de guardar um pouco de espuma. Mas ela resiste e acaba sempre por desaparecer como bolas de sabão. E os pés enterram-se mais na areia com o peso da água, como as árvores a lutar por criar raízes. No fundo, todos tentamos criar as nossas raízes, todos queremos pertencer a algum lado.
Eu pertenço e nunca fui tão feliz em toda a minha vida!
psiiiu, é segredo :)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Noites


Às vezes tenho pensamentos que voam, eu salto o mais alto que consigo para os prender, mas os meus braços nunca os conseguem alcançar. É como se, mesmo sendo meus, eu não os pudesse manter comigo ou escrevinhá-los numa folha de papel. Se tentasse, apenas riscos, traços e confusão de cores e de formas. Talvez seja isso o que faço a maior parte das vezes, tento guardar um pouco de mim. Não só de mim, mas dos outros e de tudo. E os pensamentos fazem ricochete no tecto do quarto, passam por mim a mil à hora. Sou sempre assim à noite. Uma criança com milhões de pensamentos na cabeça, que devaneia a olhar as sombras da luz do candeeiro. A paz de espírito não é o meu forte.



terça-feira, 18 de agosto de 2009

Coração


Ela pousou a mão sobre o peito dele, queria sentir o coração. Tacteou o peito todo, mas nada do compasso familiar. Assustada, olhou para ele. Então, ele abriu o rosto num sorriso e disse que ali não iria encontrá-lo. Tinha que procurar um pouco mais perto, bem juntinho ao seu próprio coração. Só aí é que o coração dele poderia estar. Ela encheu-se de ternura e abraçaram-se com força. Quando ele olhou para ela, ela desviou a cara numa tentativa de esconder as lágrimas. Mas, como sempre, ele notou e obrigou-a, ainda assim suavemente, a olhar para ele. Depois de a questionar e de ela pensar que era absolutamente óbvio, ela lá disse numa voz bem baixinha e desviando os olhos aguados: Amo-te.

12-04-09 (um dos poucos textos que me posso orgulhar de ter acontecido *.*

Memórias


(...) Ainda te guardo no meu pó de memórias, na caixinha em forma de borboleta. Ainda viajas nos meus sonhos de olhos abertos, guardada no bolso daquela blusa de onde uma vez me tentaste roubar um beijo que uma vez me deram. Dessa blusa, dei-te o laço para guardares com carinho, à laia de despedida antecipada sem tu o saberes. Podias não saber, mas eu sabia. (...)
As amizades têm que vir dos dois lados. Um só, não sobrevive. É como dar e receber.
É como ficar em vez de partir. É como o amor.
Só que eu parti (...) Aprendi que não posso ficar para sempre.
Mentira. Poder, posso. Não quero é sofrer para sempre.

Sempre, mas sempre, sentirei a tua falta. Até um dia, por fim, te deixar ir...
07-07 @


Princípio



Eu - Tenho saudades de ter um blog
Ela - Tenho saudades de que tenhas um blog.

Às vezes só precisamos de um incentivo, ainda que pequeno :)